Em 2016, quando largou tudo para empreender, Priscilla Veras queria mudar a realidade de pequenos produtores agrícolas. Ela via que essas pessoas vivam em situação de extrema pobreza enquanto seus produtos eram vendidos a preços super altos no varejo. Foi assim que nasceu a Muda Meu Mundo.
“Eu trabalhava em uma ONG e visitava o interior do Brasil, onde me deparava com produtores vivendo em situação de pobreza extrema apesar das pessoas pagarem tão caros nas cidades por seus produtos. Isso motivou uma reviravolta na minha carreira”, conta.
Na época, ela chamou a irmã para ser sua sócia e achou que faria a diferença aproximando os pequenos produtores dos consumidores finais por meio de feirinhas e cestas de orgânicos. “Deu tudo errado. A gente achava que esse modelo iria gerar recorrência e compra em volume, mas isso não aconteceu.”
Segundo ela, a Muda Meu Mundo quase quebrou em 2018. A irmã saiu da sociedade e ela se viu sozinha no negócio em 2019. “Então eu pensei que era hora de mudar tudo ou de encerrar o negócio. Fui atrás de investidor-anjo e consegui mudar o modelo de negócio para o que ele é hoje: um marketplace que conecta o pequeno agricultor com o supermercado.”
A virada de chave deu certo. A startup que em Fortaleza (SP) expandiu sua área de atuação para São Paulo. Hoje, a Muda Meu Mundo aproxima os pequenos agricultores de grandes redes como Carrefour, Pão de Açúcar, Natural da Terra e St Marché.
Mas qual a mudança?Priscilla diz que a startup elimina uma série de atravessadores que encareciam o custo da produção agrícola para o varejo, permitindo repasses maiores aos agricultores. A estimativa, segundo ela, é que os produtores ganham nesse modelo 70% do que se vendessem para atravessadores. E o varejo tem um ganho de margem de 10%.
“Tiramos todos os intermediários da cadeia e ao mesmo tempo trouxemos para o produtor apoio logístico, microcrédito, adiantamento de recebíveis”, diz a empresária.
Os planos da startup preveem a ampliação da área de atuação através da inclusão de mais produtores e lojas parceiras no marketplace. “O varejo também ganha 10% de margem, permitindo que ele coloque um preço melhor na gôndola para o cliente.”
Um bom motivo para as grandes redes fecharem parcerias com a Muda Meu Mundo é que ela faz uma avaliação de sustentabilidade, que permite analisar os agricultores nos componentes ambiental, social ou econômico, conferindo a eles um score em cada um desses fatores. Esses dados podem ser usados nos relatórios de sustentabilidade das empresas.
Além disso, os produtos chegam às gôndolas dos supermercados com um QR code que traz todas as informações sobre o produtor, detalhes sobre o alimento, o método de produção e até imagens. “Você consegue ver até a cara do agricultor, ver como o alimento é produzido”, afirma a CEO da Muda Meu Mundo.
Segundo ela, esse tipo de negócio ajudou a reduzir o percentual de desperdício de alimentos frescos, que chega a 30%. “Em São Paulo, nossa taxa de desperdício é de 2%.”
Por: Fabiana Futema / 6minutos UOL